quinta-feira, 24 de maio de 2012

O segredo de Beethoven (2006)


Olá pessoal,

Como tinha dito em sala, o Filme "O segredo de Beethoven" (2006) mostra o compositor alemão no fim de sua vida, já quase totalmente surdo, com sérios problemas para ouvir e tocar em público. Seu temperamento explosivo e sua personalidade difícil são bem caracterizados no longa. Como sabemos, Beethoven é considerado o músico que inaugura o espírito romântico na música, deixo o link da primeira parte do filme. Quem quiser assistir mais, é só ir para o youtube e acompanhar as outras partes,

Bjus e Abraços

2 comentários:

  1. Muito bacana o blog, Affonso. Divulgo a seguir um poema de Carlos Drummond de Andrade a respeito de Beethoven. Os contos do escritor estão sendo trabalhados pelo oitavo ano. Espero que todos gostem.

    BEETHOVEN

    Meu caro Luís, que vens fazer nesta hora
    de antimúsica pelo mundo afora?

    Patética, heróica, pastoral ou trágica,
    tua voz é sempre um grito modulado,
    um caminho lunar conduzindo à alegria.
    Ao não rumor tiraste a percepção mais íntima
    do coração da Terra, que era o teu.
    Urso-maior uivando a solidão
    aberta em cântico: entre mulheres
    passando sem amor. Meu rude Luís,
    tua imagem assusta na parede,
    em medalhão soturno sobre o piano.
    Que tempestade passou em ti e continua
    a devastar-te no limite
    em que a própria morte exausta se socorre
    da vida, e reinstala
    o homem na fatalidade de ser homem?

    Nós, os surdos, não captamos
    o amor doado em sinfonia, a paz
    em allegro enérgico sobre o caos,
    que nos ofertas do fundo
    de teu mundo clausurado.
    Nós, computadores, não programamos
    a exaltação romântica filtrada
    em sonatino adágio murmurante.

    Nós, guerreiros nucleares, não isolamos
    o núcleo da paixão de onde se espraia
    pela praia infinita essa abstrata
    superação do tempo e do destino
    que é razão de viver, razão florente
    e grave.

    Tanto mais liberto quanto mais
    em tua concha não acústica cerrado,
    livre da corte, da contingência, do barroco,
    erguendo o sentimento à culminância
    da divina explosão, que purifica
    o resíduo mortal, angústia mísera,
    que vens fazer, do longe de dois séculos,
    escuro Luís, Luís luminoso
    em nosso tempo de compromisso e omisso?

    Do fogo em que te queimaste,
    uma faísca resta para incendiar
    corações maconhados, sonolentos,
    servos da alienação e da aparência?

    Quem comporá a Apassionata de nosso tempo,
    que removerá as cinzas, despertará a brasa,
    quem reinventará o amor, as penas de amor,
    quem sacudirá os homens do seu torpor?

    Boto no pickup o teu mar de música,
    nele me afogo acima das estrelas.

    O poema faz parte do livro "As impurezas do branco", de 1973.

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    1. Maravilha de poema Mariana, só mesmo o Dummont pra mostrar um profundo conhecimento da obra de Beethoven. Genial!

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